Tuesday, May 08, 2007

NUVENS




“[...] há que esquecer / todo o peso / terrestre / e transformar / em luz, / palavras em estrelas”. [...]“Caminhar em nuvens / é o mais lento / e duro aprendizado”.


A recorrência de determinadas palavras, longe de constituir-se em um mero recurso de repetição, é utilizada com maestria por Roseana, ao longo de todos os poemas contidos no Manual da delicadeza de A a Z, sendo justamente a palavra delicadeza a que primeiro chama a atenção. Feito um levantamento, constata-se que o termo delicadeza repete-se na maior parte dos poemas, aparecendo quatorze vezes ao todo. Trata-se de um substantivo abstrato que estimula a idéia da não descartabilidade dos valores, por meio de pequenos gestos e atitudes, o que pode ser verificado em outros poemas como: "Dádiva", "Esperança", "Fonte", "Gavetas", "Horizonte", "Invisível", "Jardim", "Moinho", "Nuvens", "Olhar".

Outra palavra recorrente é seda, substantivo concreto convertido em imagem poética. Considerando o seu campo de significação, esse vocábulo faz-nos lembrar que a seda é leve, macia, suave, tem brilho, é resultado de um trabalho milenar; veio do Oriente, lugar exótico, fascinante e mágico por excelência. Assim, “as palavras de seda” conseguem pousar “no coração do outro” devido ao seu poder de significação, pois são palavras delicadas: sugerem ao leitor/receptor um clima de leveza e bem-estar, numa constante reação ao peso de viver.

FONTE:http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/infancia/D_poesia.html

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