Friday, May 27, 2011

O Riso Simbólico

Hoje veremos  um pouco de Arte Contemporânea.
Yue Minjun é um  jovem artista que é muito conhecido por seus trabalhos com figuras, pinturas,esculturas de largos sorrisos. Alguns críticos de arte ,e suas  terriveis manias de  tentar colocar todo mundo dentro de compartimentos, definem o seu trabalho como Realismo Cínico ( (  Realismo cínico   )), mas o artista rejeita  esse rótulo.
Vamos ponderar  sobre essas imagens com expressões quase que saturadas de  repetição . O que na verdade há além de auto-retratos risonhos? lembremos que  culturalmente os asiáticos são comedidos em suas manifestações , expressões e movimentos.O que há nessa explosão de risos?
*Mas o que diverge os registros de sorrisos da Antiguidade clássica dos registros de sorrisos contemporâneos? O que motivaria essa mudança de foco ? Bem, de acordo com Minois (historiador francês) o riso do século XX foi extraordinariamente oposto, paradoxal na proporção que se tornou livre .







“[...] um riso de humor, de compaixão e, ao mesmo
Tempo, ‘de desforra’, diante dos reveses acumulados
Pela humanidade ao longo do século e das batalhas
Perdidas contra a idiotia, contra a maldade e contra
O destino”.MINOIS (2003, p.558)


Essa vingança na qual Minois discursa pode ser notada na forma irônica em que o artista contemporâneo tornou-se e posicionou-se por vezes como um dedo apontado para a diversidade de questões que envolvem a Arte, a vida, comportamento, cultura, ética do homem moderno.







O humor tornou-se uma característica facilmente perceptível.
 Uma tendência quase que onipresente nas diversas manifestações que envolvem a criação e de acordo com o pensamento de Mikhail Bakhtin. (1987) por vezes “carnavalesco” seja dentro do campo publicitário, - jornalístico, no mundo das artes visuais o humor esta muito presente. 


Yue Minjun (1962 (1962, Heilongjiang, China) ) China - artista plástico contemporâneo chinês possui um trabalho bastante interessante de representação do riso. 


Seu trabalho não trata tão somente do simples registro de seu próprio sorriso ,visto que boa  parte de seus trabalhos são auto-retratos, seu trabalho vai mais além,  é paradoxal, e demonstra uma insatisfação com a corrupção, repressão e cerceamento da livre expressão.



Esse riso estampado em seus trabalhos são escancarados de forma relativamente proporcional a insastifação que ele teria pelo modo de vida que os chineses são obrigados a se submeterem.
 Os sorrisos de Yue são chamados de “sorrisos simbólicos” esses foram provocados como forma de protesto e escárnio e menosprezo . Podem ser  representações de  seus sentimentos íntimos pelos que ficaram mudos depois do trágico episódio do Massacre na ocasião do protesto do movimento Democrática Praça Tiananmen, em 1989 na Praça Celestial. Segundo o artista, seu trabalho não se trata de uma critica e sim da expressão máxima de seus sentimentos. Especialmente na obra "Execution" pode-se perceber a força desses sentimentos e a sua jornada pela história da arte em busca de referenciais para seu trabalho. Este tem como mote para sua obra Execution uma obra de Edoward Manet que, por conseguinte havia buscado nos fuzileiros de 3 de Maio de Goya.


 Edouard Manet -A execução de Maximiliano- pintado em 1867- -Inspirado em três de Maio



Francisco Goya, "Tres de Mayo"


Yue Minjun - Execution

È impressionante a força do riso registrado nas telas de Yue, o riso aqui deixa de ser registros de gestual das estatuas de sorriso arcaico que homenageavam os deuses, não são, no entanto ameaçadores  ou escarnecedores como os  das festas  da Idade Média.


Não procura um ideal de beleza e equilíbrio como os risos renascentistas, aparentemente não pretende  registrar a alegria do cotidiano das pessoas simples  das pinturas de Hals,ou das esculturas risonhas de Carpeaux, ou o registro  do riso acadêmico e de técnica aprimorada de Bouguereau .Muito menos  busca a luz sobre o  riso que os Impressionistas perseguiam.

    

O riso de Yue não é uma interferência manual sobre um sorriso que até então já era eternizado e tomou novo foco, novo contexto, como caso do bigodinho de Duchamp. Esse sorriso não trata de descrever sobre sorrisos celebres e sua vida decadente. 
Ao mesmo tempo em que os sorrisos de Yue não são nada disso, paradoxalmente é tudo isso junto, insinua carregar consigo todas essas questões humanas como o medo, sobrevivência , religiosidade, estética, ciência, técnica, tecnologia. O riso de Yue é um riso interior,o riso amarelo , o riso “amarelo” [1]





O direito de ser livre. Yue ri  pela impossibilidade individual e solitária  de mudar alguns rumos da história do mundo . 
Quem sabe por isso varias de suas obras repetem as mesmas figuras, s sua figura quem sabe não seja a tentativa de potencializar esse discurso de indignação silencioso e solitário."

A felicidade é uma arma quente [2]


O texto  de hoje são  considerações minhas (Eliana M.L.S.Andrade-@Nanamada )sobre o artista e suas obras em um trecho de meu trabalho de pesquisa cujo o  título é: Pequeno Inventário Sobre a Representação do Riso nas Artes Plásticas-2009
[1] 1 Riso Amarelo-Orlando Neves (in Dicionário de Expressões Correntes, Editorial Notícias, Lisboa) possível hipótese: «Riso amarelo. Este pobre "amarelo" tem triste fama. A história da palavra é a história da própria cor e que, no conjunto, dá o sentido à expressão: "riso fingido, traiçoeiro, por entre dentes, contrafeito, sem graça, falso.Provém o vocábulo do latim hispânico 'amarellau', que significa "pálido".de quem custou a acreditar que pessoas morreram quase no final do século XX na tentativa de obter seus direito respeitados. 

[2]  A felicidade é uam arma quente-é a tradução livre  da frase : Happiness is a warm gun, composta John Lennon, da musica creditada a dupla Lennon-McCartney, e lançada no álbum The Beatles-grupo de Rock Inglês- "Álbum Branco" de 1968.




















Referências Bibliográficas.
ALBERTS, Verena. O riso no pensamento do século XX. In: ALBERTS, Verena. O
Riso e o risível na história do pensamento. Rio de Janeiro: Zahar/FGV, 1999.
BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte Na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura. Obras Escolhidas. Vol. 1. São Paulo, Brasiliense, 1994.
BAKHTIN, Mikhail. Introdução: a apresentação do problema. In: ______. A cultura
popular na Idade Média e no Renascimento: no contexto de Francois Rabelais. São
Paulo: Hucitec. Brasília: Ed. UnB, 1987.
BAUDELAIRE, Charles. "Na Essência do Riso" [1855], no espelho de um, tr. & Ed. Jonathan Mayne (Londres, Phaidon Press Ltd., 1955). Disponível em: E-book http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/dezembro2006/textos/essencia_riso.pdf. Acessado em 01/09/2009
                                       Te salon of 1849- Disponível em E-book: http://www.pdf-search-engine.com/harles-baudelaire-the-salon-of-1849-pdf.html. Acessado em 12/09/2009
                                       Critique d’art suivi de critique musicale. Paris: Gallimard, 1976. Tradução livre.
BERGSON, Henri. O Riso: ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1983.
                                Laughter: An Essay on the Meaning of the Comic, trans. Cloudesley Brereton and Fred Rothwell (London: Macmillan, 1911). “Risos- O Riso - Ensaio sobre a Significação da Comicidade”, de Henri Bergson, Martins Fontes - Um ensaio sobre o significado da comicidade-Instituto no Collège de France. Tradução autorizada por Cloudesley BRERETON L. ES L. (Paris), MA (Cantab) E FRED ROTHWELL BA (LONDRES). Disponível em E-book http://www.gutenberg.org/ebooks/4352. Acesssado em 28/09/2009
DIDI- HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. Prefácio de Stéphane Huchet; tradução de Paulo Neves. – São Paulo: Ed. 34, 1998.
                                                    La Pintura Encarnada, Universidad Politécnica de Valencia, 2007. pg.47.
DATO Arthur. O Filósofo como Andy, Originalmente publicado em DANTO, Arthur. Philosophizing Art. Selected Essays. Berkeley: University of California Press, 2001, p. 61-83. Tradução: Nara Beatriz Milioli Tutida.-Disponivel em: http://www.cap.eca.usp.br/ars4/danto.pdf. Acesssado em 08 de novembro de 2009.
FABRI, Fratelli. Cabeça Rampin - Pub. in Arte nos Séculos, ed. Victor Civita, Fratelli Fabri Editori, Milão e São Paulo, 1969, p. 128.
GONTAR, Cybele. Jean-Baptiste Carpeaux-Department of European Sculpture and Decorative Arts, The Metropolitan Museum of Art.
 Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/hd/carp/hd_carp.htm. Acessado em 03/11/2009
MINOIS, Georges. História do Riso e do Escárnio, Editora da UNESP. 2003
LOPES, Eliana. Andy Wahol - Fama e infâmia-Abril de 2008-
Disponível em: http://nanamada.blogspot.com/2008/04/andy-warhol.html. Acessado em 10/11/2009
SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. 5ª Edição, Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2002.
TRUMBLE, Angus. A Brief History of the Smile - Basic Books, 2004
ARTE GREEKS. Disponível em :http://www.mlahanas.de/Greeks/Arts/Kore.htm
SOLSO, Robert- Cognition and the Visual Arts. September 1996. Disponível em: http://www.mlahanas.de/Greeks/Arts/Kore.htm. Acessado em 11/09/2009.
TRUMBLE, Agnus. Disponível em: http://ycba.yale.edu/information/pdfs/news/ycba_angus-trumble.pdf. Acesado em 17/09/2009
FOLHA DE SÃO PAULO- “France Soir”-Editorial de 05.02.2006

Friday, May 20, 2011

Elegância por Toulouse-Lautrec


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante, você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para fazê-lo...
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
É elegante o silêncio, diante de uma rejeição.
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do Gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
É elegante a gentileza,atitudes gentis falam mais que mil imagens.
 Abrir a porta para alguém... é muito elegante
Dar o lugar para alguém sentar... é muito elegante...
Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...
Oferecer ajudaé muito elegante.
Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante...
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas
tentar imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras".
Se os amigos não merecem certa cordialidade, os desafetos é que não irá desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: não é frescura.


 Gosto muito desse texto cujo crédito de autoria é dado para Toulouse-Lautrec.
Mesmo que   esse texto  fosse anônimo não  perderia a força da verdade que nele está inserido.

 Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa, nascido em 1864, foi amigo de Van Gogh que o influenciou.
Era um boêmio e pintou basicamente cenas e o ambiente dos bordeis de Paris, suas mulheres, artistas...
A gestualidade e a alegria das prostitutas despertaram em Henri Toulouse – Lautrec, pintor pós-impressionista uma particular admiração pela espontaneidade oculta em meio à artificialidade e aos subterfúgios sociais das pessoas mais abastadas nesse período. 
Mais uma vez pessoas do povo, os excluídos, são eternizadas em momento de divertimento através de registros artísticos. Em oposição aos temas paisagísticos, seu interesse foi focado nos ambientes internos, retratos e a vida noturna. 
A efervescência e degradação da vida noturna da Paris nas duas últimas décadas do sec.XIX foram registradas por Lautrec e seu estilo marcante, conduzido de forma ondulada e livre, Violava regras básicas da estética clássica de proporcionalidade anatômica e de perspectiva, apenas sugeria a figura criando assim uma deformidade que ao mesmo causa estranhamento, mas também deslocamento, e vivacidade. 
Seus trabalhas eram repletos de expressividade, ritmo, movimento e cores intensas, contornos e áreas de cores únicas, característica marcantes de seus cartazes.
Apesar de viver meio que no submundo de Paris, Lautrec pode ver aprender e saber em pequenos gestos do cotidiano o que seria a verdadeira elegância. Essa com certeza  não tem a ver com status social ou  títulos  .

O selo: 
O texto de hoje foi só para introduzir um agradecimento a um presente que ganhei.
Ganhei de um gentil amigo blogueiro, twitteiro , Nonato Junior e leitor assíduo dos meus bloguinhos um selinho lindo “Prêmio Blog Elegante’. Fiquei lisonjeada com o mimo e tenho que responder uma meme: Primeiro preciso falar um pouco de mim. 7 coisas sobre mim e depois indicar 7 blogs que considero elegantes.

Vamos la.
1: Sou feminina.Gosto de ser mulher e de todas as coisas que estão inseridas no pacote do gênero. Lido bem com meu universo feminino e acho incrivelmente mágico o fato de um dia ter abrigado crianças dentro de mim e de ter transformado sangue em leite doce e quentinho para alimentar meus bebes. Só isso já me faz  sentir criatura mais que especial.
2: Tenho alma artística.Alias, todos os seres humanos tem arte dentro de si, nao necessariamente um gênio da pntura, mas há arte  em nós, dentro de nós. A diferença é que levo a sério a coisa de ser a imagem e semelhança de Deus, então, meu lado divino- criativo sempre foi aproveitado. Por isso também  resolvi ser arte-educadora.Para ser ponte pra outras pessoas encontrarem  e desenvolverem seu lado divino e criativo.
3:Sou  paradoxal!   Por exemplo: Amo dar risadas e procuro motivos para viver sempre sorrindo, mas, sou extremamente melancólica.
4: Quando estou de mau humor sou muito irônica e sarcástica.
5: Ou eu amo ou ignoro.Jamais sou meio termo.
6: Procuro  ser   fiel e  leal a mim , aos meus princípios e as pessoas com quem me relaciono .
7: Sou cheia de defeitos , muitos mesmo , mas sei que também possuo meus encantos e essa clareza das minhas  limitações e qualidades  me ajuda a  ser mais tolerante e perceber encantos dos que me cercam.



Tuesday, May 10, 2011

Rapidinhas sobre o homem que pintava esculturas.



Há exatos 503 anos no Vaticano  o artista italiano Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni começa a pintar os afrescos da abóbada da Capela Sistina, atendendo a pedidos insistentes do papa Júlio II. Finalizada em outubro de 1512, a obra retrata episódios do Velho Testamento da Bíblia. Vinte e seis anos depois de iniciar  o trabalho – e dessa vez a pedido do papa Paulo III –, Michelangelo voltaria ao local para pintar o Juízo Final na parede do altar.
Já notaram como  as pinturas deMichelangelo se parecem com  esculturas? maravilhosas!Vamos dar uma espiadinha nessa belezura de teto? Vem comigo : Clique no link e se encante http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
Há uma noticia bem atual sobre novas descobertas  na Capela Sistina, se voce for um curioso como eu, vale a pena ler isso http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4454983-EI8147,00-Descoberta+mensagem+secreta+de+Michelangelo+na+capela+Sistina.html