URBANO CANIBAL
(Fernanda Abreu / Lenine)
Sou urbano canibal
feito de carne e aço
semente e bagaço
plantado no asfalto
no meio de tudo
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Sou urbano canibal
pele couro de cobra
olhos duros de vidro
corpo todo partido
tudo breu, tudo escuro
Sou urbano canibal
sou do bem, sou do mal
sou excesso total
selvagem racional
eu tô pixado no muro
Sou Peri da Periferia
Sou Ceci do Borel
Sou da Selva de Pedra
Sou do Arranha-Céu
Sou Babel
Sou urbano canibal
Eu devoro, eu mastigo
esse corpo cidade
de vaga identidade
me tornando o que sou
Sou urbano canibal
sou o samba no morro
sou a bala perdida
a voz da torcida
a trave e o gol
Sou urbano canibal
esse é meu alimento
becos, ruas, esquinas
carros, pontes, vitrines
sou geléia geral
Poesia não é uma matéria estática,mas uma corrente fluida que muitas vezes escapa das mãos do próprio criador.Sua matéria prima está composta de elementos que são e ao mesmo tempo não são;de coisas existentes e inexistentes .
Pablo Neruda
Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha"
VIRGÍLIO ANTÓNIO FERREIRA
Imagens:cartier Bresson
Henri Cartier-Bresson, o poeta da fotografia. Tive o imenso prazer em ver uma exposição dele em Porto Alegre, em 2004, se não me engano e foi uma revelação para mim, tamanha poesia em forma de imagem.
ReplyDeleteÍtalo
Esta postagem é uma obra de arte. Continue a postar que eu divulgo. Abraço
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