Estou tirando um tempo pra mim, pra minha casa,meus amores, para minhas coisas e vida...
Organizando tudo para o ano novão que eu tenho pela frente.(assim espero que Deus permita.)
Ando lendo bastante , portanto aprendendo coisas novas e fazendo conexões com antigas coisas, com a vida, as pessoas, a arte.
Tenho o hábito diuturno de ouvir musica. Amo musica, “vivo per lei”, já canta o Andrea Bocelli e compartilho desse amor.
Hoje acordei com a cantora Diana Pequeno na minha play list afetiva e mental.
Acredito que todo mundo um dia outro acorde com uma musica colada na cabeça,pois foi isso que aconteceu hoje.Lembrei-me de uma musica linda que Diana gravou e que eu gosto muito. A letra fala de algo que especifica bem um momento marcante de minha vida.Todo mundo tem uma trilha sonora de cada momento de sua vida não é mesmo? Ouve ai enquanto vai lendo o restante da postagem.
Mas ,como aqui nesse espaço não podemos falar em musica somente por falar da parte óbvia e afetiva que ela nos conecta, bora destrinchar um pouco esse "momento recuerdo"?.
O poema dessa musica me conecta a dois poetas, duas bandas de rock brasileiro , um filósofo, um romancista, uma bailarina e um pintor.
Aposto que daqui um tempo quando ouvi-la novamente , alguma outra porta se abra e eu perceba algo novo nela.
A cada vez que você se depara com a obra, novas possibilidades, novas leituras aparecem, desencadeiam memórias, novos focos. O conhecimento é assim tudo vai se conectando com nossas experiências de vida , portanto de aprendizado. Muita informação não é? Então vamos la.
Hoje vou apresentar a você: A bela voz da cantora Diana Pequeno. Se quiser saber mais de seu trabalho e vida clique aqui .Flores do mal composição de Ney Marques e Diana Pequeno .Antes de ler o poema preciso fazer umas observações.
O Poeta I :Flores do mal- ( Les fleurs du mal) è titulo da obra escrita pelo poeta francês Charles Baudelaire, dizem que é o marco da poesia moderna e simbolista.È denso, visceral, fala da condição humana , tem também uma sensualidade implícita.Não sei se é citação ,mas o titulo me conectou a essa obra.Só por curiosidade, também é titulo de musica das bandas Legião urbana, do Barão Vermelho....
Com esse simples exemplo dá para ter noção do quanto esse livro é denso e o quanto uma obra de arte vai além do que o próprio autor imagina...Roland Barthes , o filosofo ,escreve lindamente sobre isso em seu texto "A morte do autor" vale a pena ler se tiver um tempinho sobrando.. .
O poeta II_ Ezra Pound:O Grande romancista Heminqway um dia disse que " Um poeta deste século que afirme não ter se influenciado por Ezra Pound merece mais a nossa piedade que a nossa reprovação." . Ezra foi músico, poeta, e crítico literário.Tem pouca coisa na rede sobre ele mas, aqui tem como ler rapidamente um pouco sobre o lado musical desse artista.Foi internado numa clinica psiquiatrica por 12 anos para evitar ser preso por causa de sua "militancia" .Veja aqui uma sintese sobre a vida dele...Talvez quando a musica cita que leia Ezra como se bebe veneno é porque não há como não se intoxicar,perverter-se , empeçonhar-se ,(no bom sentido é claro ) , pela poética e visão de mundo dele.È mais ou menos o que acima esta escrito na frase do Heminqway . Uma pena que há pouca coisa do poeta liberada na rede.Suas obras ainda nao estão no "dominio público", muita coisa não traduzida portanto , para escrever e publicar em blogs e sites, tem a coisa complicada do direito autoral e permissões para divulgação...Vamos a letra, finalmente.
“ Blue moon, tantas ruas desertas
E o mundo ainda está aqui
Luas azuis, flores do mal
E o mundo continua aqui
São lágrimas de chuva
Nesses olhos loucos
E a vida não é mais igual
Eu choro no deserto dos amores poucos
Não nego que eu estou tão mal
Eu sei que tantas flores
Nascem nos jardins
A cada instante as flores
Nascem em meu jardim
Não quero que você me esqueça, não
Eu sempre mando um sinal
Me chama antes que escureça ah!
Eu sempre chego no final
Raras paixões, armadilhas de vênus
E a vida ainda está aqui
Eu leio Ezra Pound, como bebo veneno
E a vida continua aqui
Eu sei que nuvens negras
Vêm detrás dos montes
Tentando te esconder de mim
Te vejo nas estrelas no clarão das noites
E eu quero tudo até o fim.
Para finalizar, deixo com vocês um poema do Ezra Pound, que me lembra a pintura do John Lavery, cujo título é Anna Pavlova, que era uma bailarina.A bailarina russa Anna Pavlova (1881-1931) foi a mais célebre bailarina clássica de seu tempo, admirada pela qualidade poética de seu movimento. Ela estreiou como solista com a Ballet Imperial da Rússia em 1899, mas ganhou fama quando ela dançou com Nijinsky em Russes de Diaghilev Ballets em Paris em 1909.Um crítico escreveu em 16 de Abril 1911 sobre a obra abaixo: " O retrato do Sr. Lavery da dançarina russa, Anna Pavlova, pegou o momento de movimento de peso e graciosidade ... Milagrosa, a fuga de pena, que parece desafiar a lei da gravidade ".Agora nao pude tirar a minha maior duvida do dia: A dourada Pavlova" do poema e da pintura....O poema foi feito depois que o poeta viu a pintura e fez a citação do tom dourado dela, ou o pintor se inspirou no poema para usar as cores? Ficarei com essa questão para responder no futuro..Preciso pesquisar.
Viu como em uma coisinha de nada, em uma simples recordaçao pode existir um universo? Façam esse exercício. È saudável e ajuda a gente entender melhor o mundo e as pessoas que nos cerca.
Anna Pavlova by John Lavery
Poema de Ezra Pound
[Tradução Lauro J.M. Marques]
[Tradução Lauro J.M. Marques]
"A aurora entra com seus pezinhos
.......como uma dourada Pavlova
E estou próximo ao meu desejo.
Não há coisa melhor no mundo
Que essa hora de claro frescor
.......a hora de despertarmos juntos."
.......como uma dourada Pavlova
E estou próximo ao meu desejo.
Não há coisa melhor no mundo
Que essa hora de claro frescor
.......a hora de despertarmos juntos."
Existem duas outras gravações dessa música com a Diana. A do CD "Signo", lançado recentemente, é interessante, tem um arranjo bem pop que às vezes lembra Kid Abelha. E foi gravada entre 89 e 90. É um "disco perdido" que só agora está sendo lançado. Muito bom, por sinal.
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