Há tanta coisa a pensar a seu respeito...
Poderia falar sobre suas pinturas, (que por sinal, sou apaixonada por elas),
Poderia falar sobre um projeto dele que o mundo todo conhece que são as ondas do calçadão de Copacabana,Linhas curvas insinuando o movimento do mar, pedras portuguesas nos lembrando parte de nossas origens (acredito que seja uma praia que o mundo todo tem vontade de ir pelo menos um dia na vida.)
Poderia falar de outros projetos que estou começando a me familiarizar como os jardins e terraços do Ministério da Educação e Saúde, do aeroporto Santos Dumont e da Associação Brasileira de Imprensa; o Largo da Carioca; a orla do Leme; os jardins suspensos do Outeiro da Glória e o Aterro do Flamengo que era uma de suas grandes paixões em termo de projetos.
Sem falar também nos projetos em outros localidades do Brasil como por exemplo :
Em Fortaleza
No Conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte
Ibirapuera,, na embaixada do Brasil nos EUA, tantas obras lindas...
Tantos projetos no Brasil e no mundo...
Poderia falar da minha memória mais remota e afetiva dos jardins de Burle Marx: Brasília.
Toda a minha existência, exceto os noves meses depois do meu nascimento ,que vivi em Minas gerais ,e os 6 meses que moro aqui no Rio de Janeiro, passei em Brasília Quem passou toda sua infância,adolescência,juventude e boa parte de sua vida adulta em Brasília tem um olhar familiar sobre a arte moderna.Nossos olhos estão educados para as retas , curvas,para o concreto , para espaços livres e vazados e também para o verde,muito verde. Sim, passei a vida toda em um museu de arte moderna ao ar livre.
Esse verde que nos é apresentado em Brasília é culpa do Burle Marx.
Falar sobre Brasília me emociona por infinitos motivos, nasci pouco depois que ela foi inaugurada, meu pai foi trabalhador (candango de fato) na construção da cidade, me tornei arte educadora nessa cidade, tive meus filhos, enterrei minha mãe, deixei meus parentes e amigos por la..
Com sensibilidade extrema ele usava das preciosidades criadas por Deus, nossas riquezas naturais, para compor de maneira única seus quadros, seus tapetes verdes e vivos.
A água como espelho do céu e de suas obras que interagem com arquitetura moderna e é uma constante em seus projetos, metáfora da criatura criativa que se espelha no Criador e torna-se divino, pois não há como não pensar no toque de algo superior, em coisas além do terreno, ao observar um jardim projetado com tanta beleza.
.Burle Marx, trouxe o rupestre, o natural, nossa identidade vegetal para locais requintados, sofisticados, vitrines para o mundo, como os palácios de Brasília por exemplo. Uma riqueza sem tamanho.
Hoje, tenho a oportunidade de morar do lado extremamente ecológico do Rio de Janeiro, já ouvi de varios cariocas talvez desinformados sobre a propria cidade, quem sabe preconceituosos ou bairristas , dizer que esse lado de cá do Rio, não é Rio de Janeiro, talvez porque não tenha a ferveção do Rio antigo, nem o burburinho das favelas, nem a agitação cultural da zona sul, nada do que realmente costumamos ver pela TV.
Mas, eu a cada dia afirmo: estão completamente enganados, aqui é a face verde doRio de Janeiro os cariocas precisam explorar mais esse lado de sua cidade e deixar o lhar descansar sobre ele...Burle Marx que amava o Brasil , sobretudo o Rio de Janeiro como um todo, entendia , cuidou e pertenceu também a esse pedaç de chão.
Eu também começo a pertencer a esse pedaço de Brasil .
O Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca possuem uma extensa rede de reservas biológicas importantíssimas para a saúde ambiental do Rio de Janeiro, há 12 km de casa temos o bosque da barra, reserva de marapendi.,há 1 km o parque Chico Mendes, a menos de 8 km, reserva da praiinha, reserva de grumari,horto das palmeiras.. Quando penso nesses locais me faz sentir presenteada por Deus todo dia . Burle Marx sabia disso.
Candanga mineira que sou, me identifico muito com a natureza , com a calmaria,com locias menso tumultuados que dão espaço para pensar.
As linhas retas e largas da Avenida das Américas, os prédios baixos do Recreio que lembram os edifícios das nossas “asas” em Brasília,a Barra lembra muito o sudoeste, águas claras, só que na beira do mar.
Fico encantada ainda ao olhar pela janela e ver a linha do mar.
A silueta da Serra da Grota funda no meu horizonte é tão estranha... é ai que caio na realidade e a paisagem grita:Você saiu de Brasília, não esta mais no Planalto Central.
Brasília me pertence como eu a ela,e como nada no mundo é por acaso , há poucos kilometros de casa temos uma joia de Burle Marx.
Quero deixar registrado meu amor pelas obras de arte vivas: os jardins projetados por Burle Marx.
Mas quero mais que tudo louvar o humano Burle Marx .
Burle Marx se mudou em 1972 para um terreno adquirido por ele em 1949, na época se chamava sítio Antônio da Bica, localizado em Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Foi nesse local que o artista passou a se dedicar a pintura e a colecionar obras de arte. Ao longo de mais de 20 anos, cultivou e colecionou 3,5 mil espécies de plantas do mundo inteiro.
Alguém tão sensível assim não se prende ao material e a propriedade foi doada em 1985 ao governo federal pelo próprio Burle Marx, que sonhava criar ali uma escola para jardineiros e botânicos e abrir o sítio à visitação pública. Acho isso lindo!
Ele morreu em 1994, quando tinha 82 anos de idade, e seu grande sonho vira realidade. O sítio foi rebatizado com o seu nome e atualmente recebe visitantes do Brasil e de diversos outros países interessados em conhecer melhor a obra e paixões de Burle Marx.
O sítio Burle Marx está impregnado da alma criadora do artista .Em todos os cantos, em todas as plantas em todos os jardins. Com sua generosidade e amor a natureza a arte a ao ser humano livrou do extermínio varias espécies da botânica brasileira.
Somos muito as coisas que nos cerca, o meio no qual vivemos, as experiências que passamos ou provocamos
Quem sabe se nos aproximarmos mais das coisas vivas, da arte.
Quem sabe se parassemos alguns minutos do dia para cuidar de uma planta, alimentar um animal, brincar com uma criança, ouvir o que o idoso tem a dizer, observar o ciclo da vida , nos tornariamos mais humanos e menos violentos e amargurados..
Quem sabe se parassemos alguns minutos do dia para cuidar de uma planta, alimentar um animal, brincar com uma criança, ouvir o que o idoso tem a dizer, observar o ciclo da vida , nos tornariamos mais humanos e menos violentos e amargurados..
Se isso não é estar perto de Deus , não sei o que pode ser...
Viva Burle Marx, eternizado em paisagens, viveu de forma que antecipou para nós fragmentos de imagens dos jardins do Céu..
Olá NanaMáxima!
ReplyDeleteComo queria que a net medisse as batidas do nosso caoração,para vc saber o quanto este teu texto me emocionou.
Emocionei de várias maneiras: Pelas pasagens de sua vida(Minha memóriamais remota e afetiva );Pela forma maravilhosa que fala de Burle Marx(Quero louvar o humano Burle Marx ); e pelos textos cheios de poesia que vc digita(Se isso não é está perto de Deus,não sei o que pode ser ). Parece que seu teclar é tão suave para porpositalmente tocar as nossas almas.
Obrigado por saber investir tão bem o seu tempo!
Obrigada Nonato pelas gentis palavras e por dedicar tempo para ler o que escrevo.
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