Estou morando no Rio de Janeiro desde o dia 15 de Janeiro e há dias esperamos que venham ligar telefone, net, tv a cabo e fazerem a instalação do gás.
Gás encanado... Em Brasília ,exceto em edifícios recém construídos ,não usávamos esse meio energético para banho, por exemplo.
Estava pensando na nossa dependência desses serviços, e em como nossa vida fica amarrada sem eles.
Em meio a esses pensamentos filosóficos baratos sobre o homem e a dependência dos serviços do mundo moderno e urbano, me lembrei do nada de Walter Benjamim falando sobre imagens.
Já notaram como somos dependentes de imagens também? Quem não acordou e a primeira coisa que fez foi ligar a tv pra ver o que acontece no mundo? Ou o celular para ler um torpedo? Benjamin em seu ensaio cujo título é A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica inseri em seu discurso a colocação de Valéry (Ambroise-Paul-Toussaint-Jules Valéry ) um escorpiano poeta ,filósofo e escritor de olhar profundo que nasceu em 30 de outubro de 1871.) .Bem ,voltando ao texto dele que Benjamim cita diz assim:
“Tal como a água corrente, o gás vêm de longe para as nossas casas, atender as nossas necessidades por meio de um esforço quase nulo, assim seremos alimentados de imagens visuais e auditivas, passíveis de surgir e desaparecer ao menor gesto, quase a que a um sinal”.
Valéry morreu em 1945 e não teve oportunidade de ver nem um quarto do que hoje temos em termo de serviços e de mídias que reproduzem imagens.Imagina ter um telefone que pode sair da parede que filma e fotografa? Valéry teve a oportunidade de ver fotografias e cinema.A fotografia ,e o cinema posteriormente ,são grandes evoluções no mundo da representação e reprodução das imagens.A fotografia é capaz de ressaltar traços do original, que escapam aos nossos olhos, graças a ampliação e a desaceleração do que se fotografa e podemos com um click atingir realidades até então ignoradas pelo sentido da visão.
O cinema é fruição coletiva da imagem , enriqueceu e aprofundou nossa percepção sobre as coisas ,o
mundo.E tudo isso pode ser desligado em um só gesto.
Acredito que Jules Valéry ficaria paralisado de admiração se por ventura ressuscitasse hoje não é mesmo?
Enquanto penso sobre essas coisas, fico aqui a espera de ter a net ligada e o gás no meu fogão e no chuveiro... Ainda bem que é verão.Banhos quentes nem pensar.
Falando em imagens,verão e banhos, deixo aqui uma pequena e refrescante amostra de banhistas.
Renoir
Seraut
Picasso
Paul Cèzane
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